A tecnologia pode reduzir os impactos ambientais dos aterros sanitários, principal forma de tratamento utilizada no Brasil. |
Representantes do
governo federal e do setor privado se reuniram no dia 16.05, em São Paulo (SP), para debater a viabilidade técnica e econômica
da implantação de uma usina de geração de energia elétrica a partir da
incineração de resíduos sólidos urbanos – tecnologia conhecida como mass
burning.
As discussões
foram baseadas em dados iniciais de um estudo contratado pela Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que mostra como
esse tipo de tecnologia é usado em outros países, o possível modelo de
negócio nacional e o arcabouço legal necessário.
Um dos pontos
cruciais do debate é o custo de instalação e manutenção do
empreendimento. “Uma usina como essa tem capacidade para, através da
incineração, converter os resíduos em vapor, por onde é gerada a energia
elétrica. Além disso, ela opera com filtros destinados ao tratamento
dos gases efluentes da combustão, antes que eles sejam dispersos na
atmosfera. Segundo o estudo, realizado pela Proema Engenharia e Serviços
Ltda, toda a estrutura envolve um investimento estimado em 140 milhões
de euros, além do custo de manutenção, que pode ficar em 29 milhões por
ano”, conta Junia Motta, coordenadora da Área de Química da ABDI.
Por outro lado,
frente aos altos custos desse tipo de recuperação energética estão os
impactos ambientais dos aterros sanitários, principal forma de
tratamento utilizada no Brasil e que envolve alto risco de contaminação
do solo no longo prazo. “O grande destaque do projeto que estamos
desenvolvendo aqui é a definição de um modelo técnico-econômico que
torne viável a instalação de uma usina de mass burning no Brasil. Por
meio do estudo e da colaboração de diversas instâncias envolvidas,
estamos adequando esse objetivo à realidade do país e, com isso,
tornando-o possível”, afirma o gerente de projetos da ABDI, Miguel Nery.
A versão final do
documento deve ser apresentada em julho, mas empresas como Braskem, Foz
do Brasil/Odebrecht, Foxx e Proema já estão inseridas no debate e
participaram do encontro. Também estiveram presentes representantes do
Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), da Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe)
e da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública
(ABLP).
Entre os dados
mostrados no evento está o crescente uso do mass burning em países como
Estados Unidos, Portugal, Inglaterra, França e, principalmente,
Alemanha. “Vemos que essas nações promovem cada vez mais a incineração,
ainda que também realizem outros tipos de tratamento de resíduos, como
reciclagem, compostagem e aterros sanitários. A Alemanha se destaca por
promover os mass burning desde 1965 – em 2009, o país já tinha cerca de
70 usinas – e por já não possuir aterros, seguindo a diretriz da
Comissão Europeia de eliminar todos os aterros sanitários até 2020”,
descreve Maria Helena Orth, diretora da Proema.
* Publicado originalmente no site CicloVivo.
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