terça-feira, 20 de março de 2012

ABELHAS SÃO BIOINDICADORAS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL

Partículas suspensas no ar são interceptadas pelas abelhas
Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, revela que as abelhas são bioindicadoras de poluição ambiental. Durante as viagens para coleta de água, néctar e pólen das flores, as abelhas são impregnadas por microrganismos e substâncias químicas presentes na atmosfera, podendo servir de indicador da qualidade do ar.
O estudo realizado pela bióloga Talita Antonia da Silveira foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Entomologia, com o objetivo de verificar se o pólen apícola coletado por abelhas Apis Mellifera pode ser utilizado como bioindicador de poluição ambiental. Orientado pelo professor Luís Carlos Marchini, o trabalho foi realizado no apiário do Departamento de Entomologia e Acarologia (LEA), contendo na proximidade áreas agrícolas, industriais e urbana, com plantas ornamentais e frutíferas, em um fragmento de mata nativa.
Talita explica que as abelhas operárias realizam viagens exploratórias em áreas que cercam seu habitat, recolhendo o néctar, a água e o pólen das flores. Com isto, quase todos os setores ambientais — solo, vegetação, água e ar — são explorados. “Durante este processo, diversos microrganismos, produtos químicos e partículas suspensas no ar são interceptados pelas abelhas e podem ficar aderidos ao seu corpo ou ser ingeridos pelas mesmas”, explica a pesquisadora.
Análises
Pautado neste fato, os produtos apícolas podem ser usados como bioindicadores para monitoramento de impacto ambiental causado por fatores biológicos, químicos e físicos. “A analise de elementos traço no pólen podem biomonitorar o ambiente em questão. Esse monitoramento com produtos apícolas pode ser uma das formas de prevenir a contaminação ambiental”, afirma.
As abelhas são insetos sociais que contribuem para o ambiente por meio da polinização, ajudam na agricultura e, de quebra, ainda fornecem mel, geléia real, cera, própolis e pólen. Quanto aos resultados obtidos pelo estudo, Talita salienta que o armazenamento de mel e pólen, a postura da rainha e a ocupação dos favos estão sujeitos às variações sazonais, já que as características produtivas e reprodutivas de colônias de abelhas são influenciadas pelo clima e pela disponibilidade de alimento na região em que são criadas.
“As abelhas utilizaram vegetação de diversos tipos presentes no ambiente, aproveitaram as plantas ruderais como fonte de coleta de pólen para manutenção de suas colônias e acrescentaram à sua dieta o pólen de outras plantas arbóreas, arbustivas e herbáceas, conforme o recurso tornou-se disponível na área”, contou a pesquisadora.
“Quanto à interferência do clima nos parâmetros físico-químicos, o estudo mostrou que as condições meteorológicas do ambiente influenciam a qualidade e a coleta do pólen”, conclui Talita.
Mais informações: (19) 3429 – 4199, ramal 220 / 8849-4530 / 8327-3090; email tasilveira@usp.br, com  Talita Antonia da Silveira
Matéria de Ana Carolina Miotto, da Esalq/ Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 20/03/2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

Em uma economia globalizada e altamente competitiva, se faz cada vez mais necessário as empresas buscarem não só um diferencial tanto no que diz respeito aos serviços prestados quanto aos produtos produzidos ou comercializados. Hoje mais do que em qualquer outra época vivida os cuidados com a questão ambiental por parte das empresas deixou de ser um diferencial agregado aos seus serviços ou produtos e passou a ser uma preocupação que todas as empresas devem ter de um modo em geral. Além disso, há a questão econômica que é norte de uma empresa e que, no meu entendimento está intrinsecamente ligada à forma como os gestores pensam e agem, e isto invariavelmente passa pela maneira como os colaboradores são treinados para desenvolver suas funções dentro da empresa e também fora dela. Para a maioria dos gestores a preocupação com meio ambiente e todas as políticas e ferramentas que poderão ser adotadas para minimizar os impactos que sua empresa poderá trazer não passam de custos que acabam afetando diretamente na sua lucratividade. Neste caso a Educação Ambiental pode ser uma ferramenta eficiente e econômica na gestão e para a gestão ambiental nas empresas.
    Fazendo um breve apanhado histórico concluímos que durante a maior parte da existência o tema ambiental foi tratado com total desprezo ou desconhecimento pela humanidade. Em 1968, em Roma, alguns cientistas dos países desenvolvidos se reuniram para discutir o consumo e as reservas de recursos naturais não renováveis bem como o crescimento da população mundial, comentou Reigota (1994) no capítulo em que se refere aos aspectos históricos da Educação Ambiental. A partir daí surgiu o problema ambiental em nível mundial, e como conseqüência disso, a ONU – Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente. Uma das resoluções importantes tiradas desta conferência foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais (É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, dirigido, seja às gerações jovens, seja aos adultos, o qual dê a devida atenção aos setores menos privilegiados da população, a fim de favorecer a formação de uma opinião pública bem informada e uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades, inspiradas no sentido de sua responsabilidade com a proteção e melhoria do meio, em toda a sua dimensão humana. – Declaração Sobre o Ambiente Humano, Princípio 19). Podemos deduzir então que aí surgiu o que se convencionou chamar de Educação Ambiental, (Reigota, 1994, p.15). Em 1975, de acordo com Loureiro (2006), ocorreu o I Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado, na época, Iugoslávia. O grande mérito desse seminário foi reforçar a necessidade de uma nova ética global e ecológica vinculado aos processos de erradicação de problemas como a miséria, fome, analfabetismo, poluição, degradação dos bens naturais e exploração humana, por meio de um novo modelo de desenvolvimento e do entendimento de que tais problemas estão estruturalmente relacionados. (Loureiro, 2006, p. 70).
    De acordo com Jacobi (2003), a partir da Conferência intergovernamental sobre a Educação Ambiental realizada em Tbilisi (Geórgia, ex URSS), em 1977, inicia-se um amplo processo em nível global orientado para criar condições que formem uma nova consciência sobre o valor da natureza e para orientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade. “Esse campo educativo tem sido fertilizado transversalmente, e isso tem possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação.” (Ibid, p. 02). Loureiro (2006), fala que as diretrizes definidas foram consensualmente adotadas pelos países participantes de tal conferência, inclusive o Brasil, e permanecem válidas até hoje em defesa de uma abordagem emancipatória.
    No entanto, o que mais me chamou atenção foi um evento, ocorrido um ano antes de Tbilisi, pouco mencionado quando muitos autores retomam a história da Educação Ambiental. Esse evento chamou-se de Taller Subregional de Educación Ambiental para Educación Secundaria, realizado em Chosica, Peru, em 1976. Loureiro (2006) diz que esse evento apresentou uma das mais complexas abordagens em Educação Ambiental, “evidenciando a necessidade de transformação das sociedades tal como estão estruturadas e a associação entre o social e o natural strictu sensu”. (Ibid, p. 70). Além disso, afirmou a necessidade da Educação Ambiental ser participativa, permanente, interdisciplinar, construída a partir da realidade cotidiana, com implicações sobre o formato curricular no ensino formal.
    A Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, partiu do documento feito em Tbilisi, para elaborar a educação ambiental na Agenda 21, recontextualizando e ampliando as propostas expostas.
    No Brasil, em 1999, foi instituída a Lei da Política Nacional de Educação Ambiental, nº 9.795, de 27 de abril, que regulamenta a Educação Ambiental no Brasil, destacando esta com termos como qualidade de vida e sustentabilidade, sendo parte do processo educativo de forma ampla e direito de todos. Brügger (1999) declara que a educação ambiental está relacionada ao modo como a sociedade compreende a natureza, o que inclui também as relações dos homens com seus pares, ou seja, numa sociedade capitalista, a natureza é vista como meio de exploração e enriquecimento, descartando-se a total dependência do ser humano em relação ao meio ambiente, questão esta que se torna urgente, posto que, a degradação ambiental é praticada há muito tempo, porém, na época atual suas conseqüências vêm tomando grandes proporções.