segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Durante o Fórum Mundial da Educação, educadores debatem como abordar a justiça ambiental a partir de uma perspectiva crítica.

Justiça ambiental
As práticas educativas para a construção de outro mundo possível foi um dos temas debatidos durante o Fórum Mundial de Educação Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental, realizado em Porto Alegre, de 24 a 29 de janeiro. Para o professor brasileiro Moacir Gadotti, do Instituto Paulo Freire, presente no debate, no cotidiano da educação é preciso deixar claro que as soluções propostas pelos organismos internacionais e pelas grandes economias capitalistas para salvar o planeta da crise ambiental e econômica não são válidas. “Os países ditos desenvolvidos abusaram da pegada ecológica e não conseguem hoje assumir essa dívida. Mas isso não significa que devemos assumi-la como querem as soluções neocapitalistas apresentadas por esses próprios países. A economia verde é uma falsa solução para os problemas que vivemos hoje, é preciso ficar claro que ela não conseguirá tirar a humanidade da rota de destruição”, ressaltou.
Segundo Gadotti, sem questionar profundamente o atual modo de produção não será possível resolver a grave crise que o mundo enfrenta hoje. O professor defendeu a necessidade de politizar a questão ecológica dentro dos espaços de educação formais e não formais. “Estamos diante de uma grande oportunidade de introduzir esse tema nas escolas e fazermos uma educação também mais transformadora e popular, porque as escolas hoje estão esvaziadas de política”, observou. Gadotti lembrou Paulo Freire — com quem trabalhou diretamente —dizendo que, se ele estivesse ali presente, certamente falaria de política e defenderia a politização da questão ambiental. O professor comentou que o último texto escrito por Freire falava justamente da “ecopedagogia”. Gadotti enfatizou a necessidade de discutir justiça ambiental juntamente com justiça social, já que os dois conceitos não existem separadamente. “A prática educativa que queremos deve visibilizar, conscientizar, desfetichizar, assim como fizeram os negros, os sem-terra, as mulheres, os homossexuais, colocando no palco da história todas essas opressões”, reforçou.
Também presente na mesa de discussão, o professor espanhol Fernando Ballenilla falou sobre a necessidade de os próprios educadores conhecerem a fundo a situação atual do planeta para conseguirem realizar uma educação crítica. O professor faz parte da Red IRES, um movimento de educadores a favor de uma formação crítica, que tem entre suas atribuições o estudo da realidade atual. Ele apresentou os estudos feitos pela rede sobre a dependência mundial do petróleo, o declínio da produção petrolífera nos principais países produtores e as consequências que isso poderá trazer para a humanidade, como a escassez de alimentos devido à ocupação de terras para a produção dos biocombustíveis. “Temos um desafio enorme e pouco prazo porque este modelo está com a data de validade muito próxima de vencer. Para enfrentarmos esses desafios na educação temos que criticar o modelo tradicional de escola, mas não a partir de uma crítica tecnológica, que é a principal crítica que tem sido feita. Não podemos conceber o espaço educativo como mero reprodutor de conteúdos, precisamos trabalhar na escola como pesquisadores, trazendo os temas socioambientais relevantes, com uma perspectiva democrática, participativa, crítica e solidária”, argumentou.
Práticas educativas
O educador italiano Alessio Surian chamou a atenção para a necessidade de reconhecer os limites da escola que não dialoga com seu entorno. “Não podemos pensar que tudo que existe dentro da escola é educação e que o que está fora da escola não é. Se não existe uma ponte entre fora e dentro, precisamos pensar na necessidade de reformar essa escola”, pontuou. Para o professor, há três princípios que precisam nortear os processos educativos e que são pontes entre a educação formal e não formal. Ele os chama de coprodução, coevolução e coaprendizado, e os define como princípios que estão relacionados à legitimidade de um conhecimento que é produzido coletivamente, ao dinamismo das práticas educativas a partir do reconhecimento das diferenças e da possibilidade de mudanças constantes.
Alessio Surian também esmiuçou durante o debate ferramentas para ajudar os educadores a colocarem em prática essa outra proposta de educação a partir da discussão da justiça ambiental. Entre elas, ele apontou a apresentação do conceito de pegada ecológica. “A pegada ecológica é uma forma de tomar consciência de tudo o que estamos fazendo, consumindo, despejando na natureza. Podemos traduzir isso em termos energéticos, simbolizar em hectares, o que o torna uma das formas mais concretas e pedagógicas para tomar consciência da justiça ambiental”, explicou. Outras ferramentas citadas pelo professor são a Carta da Terra e a elaboração de uma linha do tempo que defina quais são as relações, as responsabilidades individuais e coletivas “para transformar o pessimismo do presente no futuro desejado”. Além disso, Alessio considera que um outro caminho é o próprio compartilhamento de ferramentas entre os professores e ainda a difusão das declarações já existentes dos direitos humanos, apesar das inúmeras contradições e impedimentos desses mesmos direitos. “Há um processo ratificado pelo Brasil e por quase o mundo inteiro, com um marco normativo que diz que todos têm que ser consultados pelas escolhas que vão afetar o meio ambiente e a economia”, lembrou.
Para a educadora de Burkina Faso Aminata Diallo Boly é preciso aceitar que a educação é um processo de longo prazo, que compreende também as relações culturais e históricas. Aminata contou sua experiência com a educação de populações nômades no continente africano. “Entendemos que é necessário permitir a essas populações se integrar e fazer um estudo das necessidades educativas delas com uma reflexão crítica permanentemente”, disse. A professora criticou a visão equivocada, segundo ela muitas vezes difundida, a respeito dos processos de educação não-formal, que os consideram um espaço “para os páreas ou as pessoas que não têm futuro”. Segundo Aminata, há muitos desafios no processo educativo em curso na África. “Hoje há uma explosão dos sítios de ouro, o que é um inferno para o sistema educativo, pois famílias inteiras migram para esses sítios constituindo outras demandas por educação”, exemplificou.

Fonte: Raquel Júnia – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)
EcoDebate, 30/01/2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

AS PROPOSTAS DO FST

Visando a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que irá acontecer no mês de junho, no Rio de Janeiro, o Fórum Social Temático (FST) terminou nesta sexta-feira em Porto Alegre com propostas alternativas à negociação formal que será conduzida pelos governos na conferência.
Com o tema Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental, o FST foi a primeira etapa da Cúpula dos Povos, reunião que deverá acontecer paralelamente à Rio+20, como contraponto às negociações formais, em um espaço de manifestação da sociedade civil organizada.
A principal crítica levantada durante os debates do FST foi, justamente, em relação ao conceito de economia verde, tema central da conferência. As organizações argumentam que o modelo vai apenas repetir a lógica do capitalismo, com a “mercantilização da natureza” e a manutenção das desigualdades. O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, chegou a dizer que a Rio+20 será apenas “um teatro governamental”.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que aproveitou o FST para tentar articular as posições do governo com as da sociedade civil para a Rio+20, rebateu as críticas e disse que confia na força da sociedade civil brasileira e mundial para que o evento no Rio tenha êxito.
A Rio+20 também foi lembrada no discurso da presidente Dilma Rousseff, que esteve no FST na quinta-feira para um diálogo com representantes da sociedade civil. Dilma defendeu a criação de metas de desenvolvimento sustentável na conferência e articulação direta entre medidas ambientais e de combate à pobreza.
Apesar de bem-recebida pelos movimentos sociais na primeira participação dela em um evento do Fórum Social Mundial como chefe de Estado, Dilma não escapou das críticas. Ativistas cobraram propostas alternativas à economia verde e de mais diálogo da presidente com os movimentos sociais.
Vamos agora aguardar a Rio+20 e conferir os debates relacionados a sustentabilidade.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO

Estive ontem na marcha de abertura do FST que ocorre em Porto Alegre e região metropolitana dos dias 24 a 29 de janeiro fazendo a cobertura fotográfica para o Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, onde presto meus serviços na área de comunicação. Os temas que serão abordados este ano são a Crise Capitalista e a Justiça Social e Ambiental. O que me chamou a atenção foram as muitas manisfestações de grupos, ONGs e entidades em relação a questão ambiental, daí minha pergunta: - Será que estas manifestações tem mesmo o fim de alertar para a questão ou isto é apenas para chamar a atenção para sí próprio uma vez que este tema ambiental está na moda. Claro que toda manifestação é digna e que só fato de se estar remetendo a determinado tema preocupante já é válido, mas que existe muita gente que está apenas pra pegar esta onda, ah existe...
Mas vamos ao que de fato importa, de 25 a 27 de janeiro acontece dentro do FST o II Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente, no salão nobre do Ministério Público do RS, neste encontro que é aberto ao público (necessário apenas inscrição - meioambientecamara@gmail.com - pois os espaços no salão são limitados) será abordado o tema: Articulação Política Pela Sustentabilidade.
No dia 26 de janeiro o Consórcio Prí-Sinos e Itaipu Binacional promovem Mesa Redonda conjunta de Educação Ambiental. A proposta visa discutir a importância da E.A. nos processos de mobilização, sensibilização e atuação em questões socioambientais locais e globais. Esta atividade autogestionária será um momento singular de socialização das iniciativas realizadas na Bacia do Paraná 3 – região Oeste do Paraná- além de outras experiências nacionais e que são resultados de uma construção coletiva exemplificando o exercício da cidadania. Trata-se de um programa que considera o processo de formação de Educadores ambientais a base para o trabalho nas comunidades promovendo a Democracia, a participação e a solidariedade, princípios fundamentais para sociedades sustentáveis. São parceiros deste processo Prefeituras Municipais, Universidades, Associação de Moradores, Grupos de Teceira Idade, Escolas Estaduais, Ongs locais. O evento vai ocorrer na Faculdades EST – Escola Superior de Teologia, das 14h00 às 17h00.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O MODELO DA NOSSA VIDA

O modelo de vida que temos demonstra exatamente de que forma cuidamos de nós mesmos e consequentemente do planeta e dos seres que nele vivem. Descuido com relação a nossa saúde ingerindo substâncias nocivas, abstenção ás práticas saudáveis de atividades físicas, sedentarismo, ingestão de altas doses de cultura inútil e nociva, etc...
A ganância, o querer ter mais, o orgulho, a soberba, tudo isso faz com que, de um modo geral, tenhamos o impulso de usar de maneira desequilibrado os recursos naturais do nosso planeta, pondo em risco nossa própria história futura. Com isso podemos presumir que as necessidades básicas de todos não podem estar sendo satisfeitas porque há um desequilíbrio na maneira em que os recursos naturais são consumidos, a velha história do “uns com muito e outros com pouco”...
A Terra possui recursos e riquezas para satisfazer as necessidades de todos os seus habitantes, e se estes recursos e riquezas forem usadas equilibradamente e se fizermos uma gestão correta destes recursos e riquezas, acredito nisso, porque a terra por si só tem este poder de se auto-renovar desde que não atrapalhemos este processo.
Conclusão: Se não cuidamos de nós mesmos da forma devida como vamos cuidar do planeta e dos seres que nele vivem???